domingo, 27 de janeiro de 2013

Somos semelhantes a Cristo?


"A pessoa que enxerga um Outro livre na figura do pobre e liberta o escravo do Egito é quem verdadeiramente ama a Deus, pois o escravo no Egito é a real epifania do próprio Deus. Se alguém libertar o escravo no Egito, libertará Deus. Mas se renegar o escravo no Egito, renegará Deus. Quem não se dedica à libertação dos escravos no Egito é um ateu. É Caim matando Abel. Uma vez Abel morto, Caim ficou só. E acreditava ser agora o único, o Eterno. Ele se apresentou como um deus panteísta. Foi essa a tentação de Adão no Éden: 'Vocês serão como deuses'. Ser como Deus é pretender ser o único e supremo ser, é recusar-se a libertar o Outro, aquele que foi assassinado.
Deus, porém, continua se revelando a nós como o Outro que nos chama. Ele é o primeiro Outro. Se eu não ouvir meu semelhante escravizado, também não estarei ouvindo Deus. Senão me dedicar à libertação de meu semelhante, então sou um ateu. Eu não somente não amo Deus, mas estou de fato, lutando contra Deus, pois estou afirmando minha própria divindade." ENRIQUE DUSSEL

A realidade é dura, não? Não sei se você, caro leitor, identifica-se com o que foi descrito acima. Não irei generalizar, então digo tudo isso tomando a minha vida como base. Eu não estou ouvindo Deus, pelo fato de não estar escutando o clamor do coração do meu semelhante.


"Pois a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus." ROMANOS 8.19

O Outro, o desamparado, o pobre, o deprimido, o desesperado, desesperançado, o não-amado. Eles aguardam ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus. Esperam por aqueles que carregam a cruz e a Luz de Cristo na Terra. Que são como faróis, que não possuem glória própria, poder e amor que fluem de si mesmos, contudo glorificam ao Criador que traz Esperança e Amor ao mundo, ao perdido.

E o que nós, como Filhos de Deus, semelhantes a Cristo, estamos fazendo? Sentados em uma roda criticando todo o mundo que se encontra fora de nosso círculo e alheios ao sofrimento e desamparo dos Outros caídos bem ao nosso lado? Ou sentados em nossos templos e comunidades, afirmando que não somos como os outros - que são parte do mesmo Corpo que  nós - mas sem saber o que somos?

A verdade é dura e cruel, porém estamos negando o próprio Deus e o Único Amor ao negar ao nosso coração a realidade existente e ao negar ao mundo o conhecimento da Esperança. Somos responsáveis por isso, pois não estamos sendo como Jesus.

"'Não quebrará o caniço rachado, não apagará o pavio fumegante' (Mt 12:20). [...]Viver e pensar como Jesus é descobrir a sinceridade, a bondade e a verdade muitas vezes ocultas por trás do grosso e áspero exterior de nossos semelhantes. É ver nos outros o bem que eles próprios não vêem e afirmá-lo em face de poderosos evidências ao contrário. Não se trata de um otimismo cego que ignora a realidade do mal, mas de uma perspectiva que reconhece o bem de maneira tão repetida e insistente que mesmo o obstinado acaba reagindo de forma positiva. No homem Jesus, a mente de Deus era transparente. Não havia nada do 'eu' para ser visto, apenas o amor incondicional de Deus." BRENNAN MANNING, em Convite à loucura, pág 101.

Que tal vivermos como Jesus e libertá-lo no coração dos Outros? Eles estão aguardando ansiosamente.

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